Com o passar do tempo, se olharmos para trás, podemos imaginar que o caminho que percorremos vai desaparecendo e consequentemente torna-se impossível percorrê-lo novamente, devido à direção do tempo.
O tempo é uma constante e tem apenas uma direção na vida. Podemos também pensar no tempo como uma sequência de “entretantos”, situados pelos nossos sentidos que nos informam sobre o onde e o quando a qualquer altura. Não importa quantas vezes tentamos reverter a direção do tempo, não conseguimos voltar atrás. Ou será que podemos?
Burnt Paths Marvão é uma exposição que traz a Marvão trabalhos de artistas muito diferentes, em fases muito distintas da sua prática. No entanto, têm todos ligações muito fortes à noção de tempo, a um caminho, a um momento que não se pode voltar a repetir. Nalguns casos esse momento forma-se e é expresso através de um processo de transformação, uma impressão de um instante físico que se transforma numa oxidação química ou peças compostas por imagens produzidas num jogo explícito entre a intenção encontrada nas condições iniciais e a aleatoriedade, não podendo voltar a repetir-se.
Os trabalhos aqui presentes exploram a corporalidade de determinados momentos, não os deixando passar despercebidos – crescem a partir do som, expandido-se para além da audição; chamam a atenção para construções microscópicas que se dissolvem; traem o resultado deixado pelo artista, desenvolvendo-se através das condições delineadas; exploram ,grão a grão, a materialidade e a densidade dos materiais. E todas estas especificações, que os caracterizam, poderiam ser completamente diferentes, se tivessem ficado presas nos “ e se”.
Convidamo-vos a olhar para a exposição Burnt Paths e ver o que existe entre as coisas, num processo que irreversivelmente segue em frente.
— Marta de Menezes
Artistas
Ada Gogo
Daniela Brill Estrada
Kira O’Reilly
Lena Ortega
Robertina Šebjanič
Sally Santiago
Inauguração: 3 de Junho | 17hrs
Academia de Marvão
EN//
As you are going through time, if you look back, you can imagine that the path you have gone through is now burnt and impossible to go through again, due to the direction of time.
Time is a constant direction in life, while our senses tell us where and when we are at any given time, we can also think of time as a sequence of in-betweens. In time, no matter how many times you may want to reverse direction, you cannot go back. Or can you?
Burnt Paths is an exhibition that brings together works from very different artists, at different stages of their practice. However, they all have very strong referential connections to a direction of time, to a path, to a in between moment that cannot be recovered. Either because this moment becomes form and is expressed through a process of transformation, as a print of an instant turned into a physical and chemical process of oxidation. Or because the work itself is completely dedicated to the interfaces between spaces that are composed of different matter and mediated by the body of the artist. Or even because the images are explicitly made through a process of intention and perceived randomness that cannot ever be repeated again.
The works explore the corporality of certain moments, not letting them go unnoticed – they grow from sound, expanding beyond hearing; they call attention to microscopic constructions that dissolve; they betray the result left by the artist, developing through the outlined conditions; they explore, grain by grain, the materiality and density of materials. And all these specifications, which characterise them, could be completely different, if they had remained stuck in the “what ifs”.
We invite you to look into Burnt Paths and see what exists in between, in process and irreversibly goes forward.
— Marta de Menezes
Artists
Ada Gogo
Daniela Brill Estrada
Kira O’Reilly
Lena Ortega
Robertina Šebjanič
Sally Santiago
Opening: July 3rd | 5pm
Marvão Academy